sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Prevenção versus postergação


Por que e para que falar em prevenção?

Por que esse é um assunto que instiga reflexão. Usualmente pensamos em prevenção relacionando-a a doenças, hábitos saudáveis, alimentação adequada, exercícios físicos, academia e lazer. Visitas a determinados profissionais de saúde. Mas este é um tema abrangente e amplo, pois se trata da forma como agimos em relação a tudo em nossas vidas. Basta pensar que poupança é uma forma de prevenção.

Vamos pensar um pouco nas últimas promessas de ano novo que fizemos de 2011 para 2012. Elas eram importantes? Estão sendo realizadas? Caso positivo isso é bom. Caso negativo pode-se pensar que isso nem era tão importante assim, não é? Por isso se deixou de lado.

Acontece que neste caso não há como falar do preto sem falar do branco. Sobre as consequências de fazer e de não fazer, de prevenir e de postergar, de ter iniciativa ou de ser rígido deixando tudo como está. Trata-se da possibilidade e da vontade, da realidade e do prazer. Sim, postergar pode ser prazeroso, mas mais prazeroso ainda é receber os frutos do que foi proposto e executado por livre iniciativa nossa.

Precaver, tratar-se com cuidado suficiente para viver com plenitude. Nesse ponto gostaria então de introduzir a ideia de psicoterapia como prevenção, estímulo de autocuidado, amor próprio, autorrespeito. Fico a me perguntar então: será que muitos casos que chegam aos consultórios psicológicos teriam um prognóstico melhor caso tivessem chegado antes? Antes da separação, da discussão, do estresse, da demissão, antes do esquecimento de tudo aquilo que poderia ser feito. Será que tudo poderia ter saído melhor se as tais promessas de ano novo fossem realizadas? Será?

Que promessas são essas? Vou visitar mais meus amigos? Vou iniciar a fazer atividade física? Vou entrar na academia? Vou emagrecer? Vou trabalhar com algo que eu realmente goste? Vou acompanhar mais de perto meus filhos, ir nos seus torneios esportivos, verificar os seus temas, conhecer seus amiguinhos? Vou visitar meus parentes no interior? Vou iniciar uma atividade que eu realmente goste? Vou escrever um livro?  Vou parar de fumar? Báh, esse ano então eu vou ...

Relações, relações. Preservar mantém, postergar termina. Mas deixemos para as novas promessas de ano novo, vamos refazer nossas listas. Quem sabe no ano que se aproxima elas sejam cumpridas.

Que coisa interessante, como a divisão loucura e sanidade transita entre nós. Pessoa desequilibrada lá no consultório do psicólogo e pessoa sã aqui. Pessoa sadia não precisa de ajuda, não precisa prevenir, não precisa promover sua saúde? Precisa?

Posso pensar: não vou visitar fulano, ele nunca me visita. Iniciativa ou desculpa? Mas eu gosto do fulano? Gostaria de manter relacionamento com ele? Quantos padrinhos e madrinhas perdem contato de seus afilhados? Quando alguém é convidado(a) a ser dindo(a) quer dizer que essa pessoa é bastante importante para essa família. Com o tempo essa pessoa não é mais importante? Ela vai deixando de ser importante ou ela se faz menos importante do que realmente é? Mas como disse antes, não tem problema, no final de ano refaremos nossas listas acrescentando tudo aquilo que estamos deixando de lado agora.
Quem sabe o grande desafio seja pensar a palavra prioridade ao lado da palavra prevenção, não é?