Por que e para que
falar em prevenção?
Por
que esse é um assunto que instiga reflexão. Usualmente pensamos em prevenção
relacionando-a a doenças, hábitos saudáveis, alimentação adequada, exercícios
físicos, academia e lazer. Visitas a determinados profissionais de saúde. Mas este
é um tema abrangente e amplo, pois se trata da forma como agimos em relação a
tudo em nossas vidas. Basta pensar que poupança é uma forma de prevenção.
Vamos
pensar um pouco nas últimas promessas de ano novo que fizemos de 2011 para
2012. Elas eram importantes? Estão sendo realizadas? Caso positivo isso é bom.
Caso negativo pode-se pensar que isso nem era tão importante assim, não é? Por
isso se deixou de lado.
Acontece
que neste caso não há como falar do preto sem falar do branco. Sobre as
consequências de fazer e de não fazer, de prevenir e de postergar, de ter
iniciativa ou de ser rígido deixando tudo como está. Trata-se da possibilidade
e da vontade, da realidade e do prazer. Sim, postergar pode ser prazeroso, mas
mais prazeroso ainda é receber os frutos do que foi proposto e executado por
livre iniciativa nossa.
Precaver,
tratar-se com cuidado suficiente para viver com plenitude. Nesse ponto gostaria
então de introduzir a ideia de psicoterapia como prevenção, estímulo de autocuidado,
amor próprio, autorrespeito. Fico a me perguntar então: será que muitos casos
que chegam aos consultórios psicológicos teriam um prognóstico melhor caso
tivessem chegado antes? Antes da separação, da discussão, do estresse, da
demissão, antes do esquecimento de tudo aquilo que poderia ser feito. Será que
tudo poderia ter saído melhor se as tais promessas de ano novo fossem
realizadas? Será?
Que
promessas são essas? Vou visitar mais meus amigos? Vou iniciar a fazer
atividade física? Vou entrar na academia? Vou emagrecer? Vou trabalhar com algo
que eu realmente goste? Vou acompanhar mais de perto meus filhos, ir nos seus
torneios esportivos, verificar os seus temas, conhecer seus amiguinhos? Vou
visitar meus parentes no interior? Vou iniciar uma atividade que eu realmente
goste? Vou escrever um livro? Vou parar
de fumar? Báh, esse ano então eu vou ...
Relações,
relações. Preservar mantém, postergar termina. Mas deixemos para as novas promessas
de ano novo, vamos refazer nossas listas. Quem sabe no ano que se aproxima elas
sejam cumpridas.
Que
coisa interessante, como a divisão loucura e sanidade transita entre nós. Pessoa
desequilibrada lá no consultório do psicólogo e pessoa sã aqui. Pessoa sadia
não precisa de ajuda, não precisa prevenir, não precisa promover sua saúde? Precisa?
Posso
pensar: não vou visitar fulano, ele nunca me visita. Iniciativa ou desculpa?
Mas eu gosto do fulano? Gostaria de manter relacionamento com ele? Quantos
padrinhos e madrinhas perdem contato de seus afilhados? Quando alguém é convidado(a) a
ser dindo(a) quer dizer que essa pessoa é bastante importante para essa
família. Com o tempo essa pessoa não é mais importante? Ela vai deixando de ser
importante ou ela se faz menos importante do que realmente é? Mas como disse
antes, não tem problema, no final de ano refaremos nossas listas acrescentando
tudo aquilo que estamos deixando de lado agora.
Quem sabe o grande
desafio seja pensar a palavra prioridade ao lado da palavra prevenção, não é?